Há alguns anos se discute a alteração no atual modelo de remuneração de prestadores de serviços de saúde (hospitais, clínicas, médicos etc.) e operadoras de planos de saúde. O modelo atual (mais utilizado) conhecido como: “fee-for-service”, vem sendo constantemente criticado ao longo dos anos, pois o método estimula a produção e a utilização de insumos, gerando consequentemente aumento de custos e desperdícios.
É importante destacar que algumas mudanças vêm acontecendo nos últimos anos, de forma tímida, aos poucos vão se incorporando e fazendo parte do dia a dia das negociações entre operadoras e prestadores de serviços. Muitas ações vêm sendo tomadas pelos envolvidos nos processos de negociação, direcionadas ao objetivo de desenvolver propostas para alteração desse modelo e aperfeiçoar os mecanismos de pagamento dos serviços. Diversas discussões e algumas aplicações práticas começam a acontecer, a tendência ocorre sobre modelos como:
“Ajustable budget payment”, orçamento ajustado: onde um valor total mensal é definido entre as partes para o pagamento do serviço prestado;
“Bundles” ou “pacote por episódio”: um pacote aprimorado que inclui o ciclo (desde consultas prévias, realização do procedimento e acompanhamento posterior) do tratamento, com o prestador assumindo qualquer intercorrência que haja.
“Diagnosis-Related Groups” (DRG), Grupos de Diagnósticos Relacionados: os pacientes são agrupados de acordo com as comorbidades e outros aspectos, e dependendo do nível de propensão a riscos.
“Risk sharing”, compartilhamento de riscos: normalmente com base no modelo de capitação, onde o prestador recebe um valor por vida (beneficiário), e compromete-se a prestar todos os cuidados necessários no tipo de contratação.
Pagamento por performance: na qual envolve de forma intensiva o profissional médico, pois a qualidade do atendimento vai interferir diretamente na remuneração, através de medidas, como: reinternações, intercorrências etc.
“Value-Based Healthcare”, saúde baseada em valor e “Value-based payment”, ou pagamento baseado em valor, um modelo que propõe a remuneração baseada na qualidade do atendimento prestado ao paciente, e que vem sendo discutido intensivamente junto aos Hospitais.
Diante do cenário que se descortina em relação aos modelos de remuneração, e alterações nos sistemas de saúde elucidados acima, fica evidente que cedo ou tarde estas mudanças estarão presentes com maior ou menor frequência na maioria das negociações futuras entre os prestadores e operadoras, e a instituição ou o profissional que não se preparar para as alterações correrá o risco de ser forçado a aceitar negociações, sem contudo, conhecer os devidos custos e as variáveis que envolvem a nova sistemática.
A maioria dos formadores de opinião comentam que com a adoção de um novo modelo, há a necessidade concomitante de instrumentalizar a gestão das instituições, pois qualquer iniciativa de implantação do novo modelo só poderá ser realizada coma a adoção de um forte comprometimento profissional e um consistente fundamento conceitual
A gestão estratégica de custos é sem dúvida um dos pilares de fundamental importância para as instituições que pretendem estar preparadas para a adoção dos novos mecanismos de remuneração. Não há como realizar uma razoável negociação entre prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde, caso não haja o efetivo conhecimento dos custos dos insumos envolvidos no tratamento.
Afinal um novo modelo implica em controles e ajustes de ambas as partes e só um sistema de informações que possibilite o conhecimento efetivo dos custos e receitas, trará à instituição uma ferramenta de gestão que leve ao alcance de negociações pautadas em dados irrefutáveis e à minimização dos riscos envolvidos.