Valor na saúde já deixou de ser um conceito à espera de projetos para constituir realidade palpável. Isso está demonstrado na relação que a 2iM estabeleceu com diversas Unimeds de todo o território nacional – tanto que a entidade destacou um departamento para dedicação exclusiva a esses casos. A organização de escritórios de Valor em Saúde dentro de operadoras de planos de saúde é algo que a 2iM vem fazendo desde 2021. Atualmente três Unimeds já têm isso estruturado e o mais expressivo está sendo implementado junto com a FESP – Federação das Unimeds do Estado de São Paulo e com a Unidas.
Nos trabalhos com a FESP, cresce de forma acelerada a implantação de projetos para desenvolver novos modelos de remuneração, com cinco Unimeds no estado já iniciados e várias outras aguardando para iniciar. O êxito dessas iniciativas se tornou benchmark para Unimeds de todo o Brasil.
As iniciativas brasileiras usam como referência as experiências vividas em países como Estados Unidos, Holanda e Portugal. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 50% dos pagamentos dos sistemas públicos de saúde já são baseados em valor. Os países mencionados vinham de experiências lamentáveis de taxas de desperdício de 25% ou até 30% do total de despesas. Alguns deles perseguem a ambiciosa meta de, até o ano de 2030, passar a realizar a totalidade dos pagamentos com base em valor. O conceito é sistêmico e envolve toda a cadeia de prestação de serviços de saúde. A avaliação é que, em todos os casos concretos em marcha, os resultados têm sido positivos.
As principais alavancas nesse processo (que, no começo, é mais uma catequese dos agentes envolvidos) são presença concreta das entidades centrais do Sistema Unimed e chancelas da ANS, fortalecidas pelo interesse crescente, reiteradamente demonstrado pelo Conselho Federal de Medicina – CFM, que tem promovido discussões a respeito.
Nos debates de que tem participado, Cesar Abicalaffe, CEO da 2iM, é enfático ao afirmar que não há razão para temores por parte da classe médica. De pronto, deixa claro que, ainda que o processo implique avaliação dos serviços médicos prestados e dos materiais/ insumos empregados nos atendimentos, ninguém fica na berlinda, pois não há rankeamento dos profissionais. Só o profissional fica conhecendo sua avaliação em relação à sua especialidade. Abicalaffe dá uma lista de características que apoiam a adoção do novo sistema de remuneração. Eis algumas:
- Os modelos de remuneração trabalham com enfoque positivo, não havendo estímulos negativos ou punitivos.
- Qualquer modelo simples de remuneração poderá ser modificado para lógicas de pagamento baseado em valor, desde que parte da remuneração seja condicionada ao valor gerado ao paciente.
- Antes da decisão final de implantar, o novo sistema pode ser rodado em caráter experimental e passar por validação e ajustes.
- O pagamento variável se dará a partir de diversas opções que tenha o gestor, mas sempre vinculado a melhoria dos resultados operacionais e redução dos desperdícios.
- Questões críticas não podem ser decididas pelos gestores. Qualquer mudança de maior impacto deve passar pelo crivo de assembleias de médicos.