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Da auditoria à gestão em Saúde: um olhar prático sobre os desafios

Trabalho há mais de três décadas pensando soluções para melhorar a gestão em Saúde e até hoje todos os dias eu aprendo algo novo. Ainda assim, a sensação de estar fazendo a diferença é perene

Trabalho há mais de três décadas pensando soluções para melhorar a gestão em Saúde e até hoje todos os dias eu aprendo algo novo. Ainda assim, a sensação de estar fazendo a diferença é perene

Por Josiane Justus, sócia-diretora de Operações da 2iM. Foi a primeira enfermeira auditora do Brasil, criando o conceito que hoje é amplamente utilizado no setor de Saúde.

Me formei em Enfermagem há mais de 40 anos, sou Mestre em Tecnologias da Informação em Saúde e também sócia-diretora da 2iM há treze anos. Ainda hoje, percebo que por ser mulher – e não médica -, ainda persiste uma certa barreira em ser ouvida por parte dos líderes da saúde, que algumas vezes pergutam qual a minha formação.

Minha experiência com a gestão em saúde também é longeva. Lá se vão mais de três décadas, desde 1992 para ser exata, que ministro palestras e cursos de capacitação. É desse lugar que vou compartilhar, a partir de agora, a minha visão de Valor em Saúde.

Sempre defendi que, na Saúde, auditoria e gestão dependem de um tripé: o paciente tem que estar satisfeito com o tratamento; o prestador satisfeito com o que recebeu pelo serviço que executou; e, por fim, o pagador precisa achar justa a remuneração por aquilo que seu cliente final recebeu.

Quando iniciei a minha atuação na auditoria de contas médicas, não existia nem mesmo essa denominação, quanto mais um profissional que olhasse para a conta hospitalar para além da qualidade. E foi exatamente isso o que eu fiz, até por curiosidade, ainda que de forma intuitiva.

Comecei a observar que materiais de uso permanente do hospital – como estetoscópios, termômetros, entre outros, estavam sendo cobrados nas contas que a operadora deveria pagar, o que não era pertinente. Também passei a olhar para conta de modo qualitativo, ao invés de meramente quantitativo, o que significa avaliar as despesas de acordo com os procedimentos que devem ser realizados em pacientes com o mesmo quadro clínico.

Logo no primeiro mês em que realizei esse novo trabalho, o volume de itens excluídos das contas foi aviltante. O fato foi percebido pela Seguradora de Saúde onde eu trabalhava e eles me pediram para capacitar outros profissionais com este olhar nas suas sucursais, me levando a ministrar vários treinamentos, inclusive para equipes externas.  Logo em seguida, eu e César Abicalaffe [atual CEO da 2iM] criamos a empresa Impacto, passando a ser contratados por várias operadoras para fazer a regulação médica e auditora nos seus 3 níveis: Prospectiva, Concorrente e Retrospectiva.  Com isso, ministramos também vários cursos de Auditoria em Saúde, inclusive atuando por muito tempo como professores de Cursos de Pós-Graduação em Gestão em Saúde. Um dos meus maiores orgulhos é saber que muitas pessoas que passaram pela Impacto são, hoje, grandes expoentes da gestão em saúde.

Durante esses anos, tendo como rotina a regulação, auditoria e gestão, sempre tivemos um desconforto sobre os critérios, atuação, avaliação e modelos de remuneração.   Por isso, constantemente desenvolvíamos mecanismos de medição de alguns indicadores, a ponto de ter a certeza que precisaríamos criar ferramentas com modelos que conseguir chegar à equidade, sustentabilidade e mudanças de modelos. Era preciso quebrar paradigmas. Eu, enfermeira desde 1982, com formação voltada para a assistência, tinha meu olhar agora, voltado para gestão não apenas de custos e qualidade como também de sustentabilidade. 

Assim, algumas soluções incipientes, de controles manuais, começaram a surgir na Impacto, culminando com a necessidade de desenvolvermos sistemas que melhorassem esta gestão e pudessem apoiar as decisões dos gestores. César, com sua experiência e conhecimento, junto ao time de TI, desenvolveram a primeira solução para implantar essas mudanças, iniciando   nossa nova empresa, com foco em transformar a saúde. Assim a 2iM foi fundada em 2011.

A informação é necessária para qualquer tomada de decisão, mas algumas instituições têm dificuldades em coletar ou estruturar seus dados para, consequentemente, gerar estas informações. E talvez por isto, elas continuem mantendo o mesmo modelo de relacionamento e remuneração, tratando os iguais como diferentes.

Em breve, vamos conversar mais sobre todo esse universo que envolve dados, gestão de saúde, modelos de remuneração mais justos e a sustentabilidade do sistema. Acompanhe os meus artigos e dos demais diretores da 2iM no nosso blog e no nosso LinkedIn!