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O câncer do mercado de saúde é o desperdício

Algo que sempre me intrigou ao longo da minha carreira como médico e gestor em saúde norteia tudo o que fazemos na 2iM: combater o desperdício, o verdadeiro câncer da saúde.

Algo que sempre me intrigou ao longo da minha carreira como médico e gestor em saúde norteia tudo o que fazemos na 2iM: combater o desperdício, o verdadeiro câncer da saúde.

O desperdício em saúde tem várias faces, que vão além do faturamento inadequado ou da fraude. Uma delas, pode ser mais simples de identificar, é o gasto com excesso da utilização do sistema de saúde sem a devida necessidade. Outro, mais difícil de notar a princípio, é uma internação para um procedimento que poderia ser feito ambulatorialmente. Enfim, diversos são as causas de desperdício e todas elas devem ser combatidas.

O fato é que, hoje, o Brasil gasta – e investe – muito mal em Saúde, seja no âmbito público ou privado. Sendo assim, as soluções que trarão mais transparência para o setor precisam necessariamente mostrar ao gestor onde estão esses desperdícios, seja em hospitais ou operadora de Saúde, na saúde privada ou pública. 

É preciso mudar. Na 2iM, nós acreditamos que essa mudança deveria iniciar com uma reforma importante no modelo de remuneração, que hoje é um dos grandes responsáveis pelos diferentes tipos de desperdício, uma vez que o pagamento é feito pelo serviço prestado (fee for service). Quanto mais o paciente usa o sistema ou mais complexo é o caso atendido, mais o prestador é remunerado. Esse é um desincentivo à qualidade e à realização de uma medicina bem feita, premissas que defendo há quase 20 anos.

Meu primeiro contato com o modelo de pagamento por performance data de 2005-2006, quando fiz mestrado de Economia em Saúde na Universidade de York, Inglaterra. Lá conheci de perto o modelo de remuneração do NHS e as importantes mudanças que estavam se iniciando. Depois de muitos estudos, desde então, defendo essa solução como a melhor direcionadora da qualidade da assistência e, por consequência, como redutora do desperdício. A ideia central é reduzir o desperdício e com a economia gerada, melhorar a remuneração médica.

Precisamos desde já mudar a mentalidade perde-ganha da Saúde. É urgente e é possível.

Este texto foi originalmente publicado em nossa newsletter mensal Carta do CEO.

Por César Abicalaffe.
Fundador e CEO da 2iM.

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