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Valor em saúde: a busca do resultado que realmente importa

Em qualquer atividade produtiva humana a melhoria de desempenho e a redução de custos está ancorada no compartilhamento de um objetivo que congregue os interesses e as ações das partes envolvidas. Na área de saúde não deveria ser diferente, contudo, entre as suas tantas peculiaridades, o problema que se insurge é que as partes envolvidas possuem uma infinidade de objetivos conflitantes que as distanciam, na maioria das vezes, dos conceitos de valor em saúde.

É justamente este desalinhamento de interesses, bem como a desconfiança, que induz abordagens de gestão divergentes e conflitantes, modelos de remuneração que nada agregam ao paciente e, consequentemente, o lento e quase inalcançável progresso na melhoria do Valor entregue ao paciente.

A entrega de valor para os pacientes como a meta primordial do cuidado assistencial é precisamente a melhoria da qualidade com o menor custo possível. Definindo-se valor como os resultados de saúde alcançados por dinheiro gasto, o numerador dessa equação resume nada mais, nada menos que esta qualidade dentro da perspectiva do paciente.

A qualidade ou os desfechos que realmente importam ao paciente, relativizado a um custo de eficiência e processos que garanta sustentabilidade econômica ao sistema, faz do quociente de valor a liga que une os interesses de todos os atores do sistema. Em síntese, melhorando-se o valor, pacientes, pagadores, prestadores e fornecedores se beneficiam, ao mesmo tempo em que o sistema tem sua sustentabilidade garantida.

Melhoria de eficiência e processos isoladamente não garantem o valor

É lógico inferir que dentro do conceito insere-se a eficiência, entretanto, é oportuno salientar que a redução de custo desatrelada da qualidade desconstrói o conceito, pois valor não depende de insumos ou de volume, mas sim dos resultados obtidos. Na mesma linha de raciocínio é pertinente dizer que a mensuração e a melhoria de processos, ainda que sejam táticas importantes, também não substituem a medição de resultados e custos.

A mudança do foco de volume para valor é sempre o desafio nevrálgico na transição de modelos convencionais de assistência para modelos baseados em valor. E a discussão se torna ainda mais complexa quando se avança no entendimento do conceito.

O valor em saúde deve ser medido na integralidade da jornada do paciente

Os resultados realmente fundamentais ao paciente, apesar de inerentes e específicos da sua condição clínica, são concomitantemente multidimensionais, por isso, cabe a afirmação de que medidas isoladas de desfechos não captam a totalidade dos resultados dos cuidados. Já quanto ao custo, vale dizer que deve referir-se sempre aos custos totais do ciclo completo de atendimento do paciente, e não somente ao custo de serviços também isolados.

Outro dado importante que se deve considerar na apreensão desse conceito é que a prestação de cuidados de saúde envolve inúmeras unidades organizacionais, contudo nenhuma delas reflete o âmbito dentro do qual o valor é verdadeiramente gerado. Deve-se observar, portanto, que a unidade apropriada para a aferição do valor nesse contexto é o conjunto de todos os serviços ou atividades que concorrem para o sucesso no atendimento às necessidades do paciente.

Ainda sobre as necessidades do paciente é importante mencionar que se determinam pela sua condição clínica, a qual deve ser interpretada como um conjunto inter-relacionado de circunstâncias médicas cuja melhor abordagem deve se dar de forma integrada, considerando-se sempre outras condições mais comumente associadas. Sob esse aspecto, o valor deverá ser apurado sobre o conjunto de todas as intervenções.

É por isso que o valor, concebido segundo a expectativa de resultados do cliente, define a estrutura para a melhoria do desempenho nos cuidados de saúde. E deve ser apurado ao longo de toda a jornada do paciente rumo ao resultado que a ele importa. Como fruto da medição rigorosa e disciplinada dos resultados, sob a ótica de custo-efetividade, e da identificação de replicabilidade desses resultados, construir valor sobre a entrega assistencial é a melhor maneira de impulsionar o desenvolvimento do sistema.

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